Grandes ideias da propaganda devem estar preparadas para durar e ter sucesso em diversas mídias, afirma Washington Olivetto

Na primeira plenária da 10ª Convenção ABF do Franchising, publicitário falou das tendências do marketing para a próxima década

Por Mariana Iwakura
Uma grande ideia, que dure e que, além de vender um produto e fortalecer a marca, se torne parte da cultura popular. Mas que também esteja preparada para navegar em diversas mídias – do panfleto ao iPad – e passar valores que sejam construtivos, e não predatórios.

Essas são as apostas do comportamento do marketing para a próxima década, segundo o publicitário Washington Olivetto, criador de memoráveis campanhas do mercado brasileiro, como a do “primeiro sutiã” e a do “garoto Bombril”. Olivetto proferiu a plenária “Os desafios do marketing da próxima década” ontem, na abertura da 10ª Convenção ABF do Franchising, que acontece entre 17 e 21 de novembro em Praia do Forte, na Bahia, e é realizada pela Associação Brasileira de Franchising.

“Tudo está mudando. Mudam a linguagem, as preocupações e os negócios. Mas a gente não tem dúvida, seja no analógico ou no digital, da presença da grande ideia. A diferença agora é que, se durante muito tempo a peça de publicidade era um monólogo, com a interatividade, ela vira um diálogo”, disse Olivetto.

O publicitário trouxe diversos exemplos de campanhas criadas por ele – entre eles, a do Bombril, que foi ao ar pela primeira vez em 1978. A peça, estrelada por um homem e dirigida às mulheres, foi “um estrondo”. Desde então, já foram feitos cerca de 370 filmes com o personagem garoto Bombril. “A grande questão de um personagem é a administração da biografia dele. A gente trabalha com o presente, mas tem de imaginar o passado e o futuro.” As campanhas trazem também atualidades jornalísticas, como a posse do presidente norte-americano Barack Obama e as eleições presidenciais brasileiras de 2010. Em breve, o deputado federal eleito Tiririca irá fazer parte da campanha.

Para Olivetto, a importância do pequeno gesto é algo que será cada vez mais valorizado pelo consumidor. Uma campanha televisiva recente da General Motors que mostra um pai representado por um desenho feito pelo filho foi complementada por uma promoção em que as crianças ganharam um pote de massa de modelar nas revendas da GM – a ideia era que os pequenos fizessem, com a massinha, um boneco semelhante ao desenho do menino do filme.

Fundamental na publicidade, a durabilidade das campanhas foi ressaltada por Olivetto. “Uma coisa que eu busco o tempo inteiro é fazer publicidade que cumpra as suas funções de vender, mas que também entre na cultura popular. Isso vai continuar valendo todos os anos”, disse. Em outro exemplo de campanha da GM, o jingle “Seja feliz num Chevrolet”, composto por Zé Rodrix, ganhou releitura dos músicos Frejat e Edgard Scandurra para o lançamento do novo Camaro.

Outro exemplo, já na galeria dos clássicos da publicidade brasileira, é o do primeiro sutiã, veiculado pela primeira vez em 1988. Desde então, a expressão “o primeiro... a gente nunca esquece” virou bordão.

Uma tendência apontada por Olivetto foi a de veicular peças de comunicação que produzam conteúdo, como a série infantil “Galera Animal”, com dez programas de televisão. “Depois que a série pegou, nós armamos uma promoção da Nestlé com os dez bichinhos de pelúcia”, contou o publicitário.

“Uma dúvida que não precisamos ter é que todas as mídias vão se interligar nos próximos dez anos”, complementou. “Por isso é preciso ter uma ideia brilhante que sirva para um simples folheto de pedágio e para a mais interativas das mídias.”

Por fim, Olivetto ressaltou que, como a publicidade é uma atividade “intrometida”, que invade a vida das pessoas, é preciso ser bem-educado. “É preciso trabalhar com valores interessantes, e não com valores predatórios. Se tiver uma ideia sensacional, mas que mostre alguém cortando uma árvore, eu vou jogar fora. É um gesto predatório. Não é bom, não é necessário”, afirmou. Segundo o publicitário, entre o politicamente correto e o incorreto há o “politicamente saudável”. “Ele preserva a irreverência, o senso de humor e o respeito.”

Fonte: http://bit.ly/aw4kWq
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