Eventos, palestras e pesquisas analisam as conquistas recentes das mulheres empreendedoras no Brasil, além de identificar as principais características que as diferem dos empresários do sexo masculino
Por Patrícia Machado e Marisa Adán GilO tema também ganhou espaço na 7a Semana do Empreendedorismo da Fundação Getulio Vargas, que aconteceu em maio: o último dia do encontro foi inteiramente dedicado às empresárias. “Mesmo tendo funções domésticas e familiares, a mulher pode e deve se dedicar ao empreendedorismo”, afirma Marise Coelho Miranda, fundadora da padaria Lá na Padoca, uma das palestrantes do evento. “Nós temos um jeito próprio de atingir o sucesso: somos cautelosas, damos um passo de cada vez e não assumimos riscos exagerados”, diz.
SUTIS DIFERENÇAS
Será que existe mesmo um jeito feminino de fazer negócios? Segundo estudos recentes, as diferenças não são tão grandes assim — mas revelam traços importantes sobre as empreendedoras. De acordo com pesquisa realizada pelo instituto Endeavor em parceria com a ONU, 18,5% das mulheres tiveram dificuldade em conquistar a autoconfiança necessária para abrir o negócio — apenas 4% dos homens disseram ter enfrentado esse obstáculo. “A falta de confiança no seu potencial empreendedor faz com que elas procurem aulas de gestão antes de criar um negócio”, diz Amisha Miller, gerente de pesquisa da Endeavor — 70,4% delas disseram ter realizado cursos de gerenciamento, contra 52% dos homens. “Elas precisam ter certeza de que construirão uma empresa vencedora.” A pesquisa revelou ainda que 14,8% das empreendedoras costumam buscar a ajuda de consultores externos, prática rara entre os homens. Além disso, 81,8% delas precisam se inspirar em casos de sucesso: a necessidade foi citada por apenas 50% dos homens. O levantamento foi feito com 52 empresários de alto impacto, de ambos os sexos.
O faturamento das franquias lideradas por mulheres é até 32% maior do que o valor das unidades comandadas por homens: a conclusão é do estudo Perfil do Franqueado Brasileiro, realizado anualmente pela Rizzo Franchise. Foram coletados dados de 127 empresas, que passaram informações sobre o desempenho dos seus franqueados. “Elas são mais dedicadas, agarram a oportunidade como se fosse o negócio da sua vida”, afirma Marcus Rizzo, especialista em franquias. “Já os homens enxergam as franquias apenas como um investimento. Eles pensam: ‘Se der errado, compro outra’.”
CONTATOS IMEDIATOS
Mulheres não estão acostumadas a frequentar comitês, happy hours e festas de negócios, o que pode dificultar o crescimento da empresa. Foi com base nessa observação que a empreendedora Raquel Marques, fundadora da Social Bureau, empresa de consultoria em tecnologia, decidiu criar o Laboratório de Ideias Subversivas – LIS. Para ajudá-la na empreitada, chamou Silvia Valadares, coordenadora dos programas de empreendedorismo da Microsoft Brasil, e Maria Carolina Cintra, fundadora da Kingo Labs, especializada em produtos e aplicativos para redes sociais. Segundo Raquel, o objetivo do projeto é incentivar a criação de uma rede de relacionamentos entre mulheres empreendedoras. A partir de julho e durante dois meses, o grupo promoverá cinco encontros, com o nome de Desconferência, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Recife. “As participantes irão discutir temas como marketing on-line, fluxo de caixa e networking”, diz Silvia. “Elas precisam compreender que só desenvolverão um capital social se frequentarem eventos e encontros informais. Elas não podem ficar trancadas no escritório”, diz.
http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI239320-17171,00-OLHAR%20FEMININO.html
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