Por Marcos Todeschini e Raquel Salgado
Leia nesta página um trecho da reportagem de capa de Época NEGÓCIOS. O texto integral pode ser lido na edição de junho de 2010. Assinantes têm acesso à reportagem na íntegra, clicando aqui.
O último emprego do jovem americano Richard Drew antes de começar a faculdade de engenharia havia sido o de tocador de banjo. Aos 22 anos e com pouco dinheiro, ele começou a procurar algo mais rentável. Suas respostas entusiasmadas numa entrevista na 3M renderam-lhe uma vaga na linha de produção de uma montadora para testar as lixas fabricadas pela empresa. Mas desde o primeiro dia de trabalho, o departamento de pintura, vizinho ao seu, era o que mais chamava a atenção de Drew. Os colegas da função ao lado usavam esparadrapos para demarcar áreas e proteger as partes do carro que não seriam pintadas. Mas se debatiam com um problema: a fita grudava na lataria de tal modo que, ao ser removida, deixava os veículos com pequenas falhas na pintura.
Intrigado, Drew queria ajudar na busca por uma solução para o caso. Assim, no lugar de se dedicar às lixas, passou a pensar nos esparadrapos. Trabalhava escondido num projeto que testava colas e misturas não tão aderentes. Até que descobriu a fórmula de uma cola menos agressiva, que poderia ser removida sem causar estragos na superfície. Foi assim que ele inventou a fita adesiva, em 1925. E inspirou os diretores da 3M a implementarem uma política revolucionária para a época: os funcionários das áreas técnicas poderiam dedicar 15% de seu tempo a projetos individuais, algo que, várias décadas depois, empresas como o Google começaram a fazer.
A história do jovem Drew ilustra duas descobertas importantes. Antes de tudo, retrata, de maneira evidente, a gênese de uma ideia revolucionária. Ele inventou um produto que segue inabalável até os dias de hoje, em que a tecnologia parece tornar tudo obsoleto rapidamente – menos a fita adesiva. Mas também serve para mostrar como a inovação percorre caminhos nem sempre tradicionais ou previsíveis. Na 3M, ela não veio por meio de técnicos contratados para trabalhar com pesquisa e desenvolvimento, por exemplo. Richard Drew é considerado um marco na história da administração porque foi o primeiro funcionário a pensar fora de suas atribuições e inventar algo sem que isso lhe fosse solicitado. “Quando você vê uma grande inovação e vai buscar sua origem, é inevitável: o começo da ideia sempre está ligado a uma atitude empreendedora”, disse o americano Gifford Pinchot a Época NEGÓCIOS.
EMPRESAS QUE FORMAM FUNCIONÁRIOS QUE EMPREENDEM VÃO MUITO
ALÉM DA CAIXINHA DE SUGESTÕES NO CORREDOR
Pinchot foi um dos primeiros acadêmicos a estudar, no final dos anos 70, a relação entre as empresas inovadoras e as atitudes empreendedoras de seus funcionários. Ele chegou à conclusão de que as companhias que mais inovam são também aquelas que mais encorajam iniciativas individuais de seus colaboradores. A essa prática de gestão ele denominou intraempreendedorismo (em inglês, intrapreneurship), ou empreendedorismo corporativo.
NEM TODAS AS PESSOAS QUE TÊM IDEIAS INOVADORAS
QUEREM ABRIR O PRÓPRIO NEGÓCIO
Apesar de o assunto ter sido estudado pela primeira vez há mais de 30 anos, assumiu uma nova relevância nestes tempos, diante da necessidade de as empresas inovarem de forma constante. Mas nem todas conseguem sucesso. Uma pesquisa mundial conduzida pelo Boston Consulting Group com mais de mil diretores de empresas mundiais aponta que 72% consideram a inovação uma de suas três prioridades. Mas metade deles afirma estar descontente com o retorno dos investimentos feitos nessa área. E algo ainda mais desafiador: oito em cada dez diretores dizem que sua maior dificuldade é conseguir transformar as ideias em algo concreto. Isso ocorre porque, na maior parte das vezes, o foco da inovação se restringe a um departamento específico da companhia. Poucas ainda se deram conta de que há uma relação direta entre funcionários empreendedores e inovação e não enxergam que é muito mais vantajoso espalhar o DNA criativo por todos os departamentos do que relegá-lo a um grupo específico de pessoas. Ninguém sabe quem terá a próxima ideia brilhante, por isso todos os setores devem estar envolvidos no processo. “Para se tornar inovadora, uma empresa precisa despertar atitudes empreendedoras em todos os seus funcionários”, diz Pinchot.
QUEREM ABRIR O PRÓPRIO NEGÓCIO
Apesar de o assunto ter sido estudado pela primeira vez há mais de 30 anos, assumiu uma nova relevância nestes tempos, diante da necessidade de as empresas inovarem de forma constante. Mas nem todas conseguem sucesso. Uma pesquisa mundial conduzida pelo Boston Consulting Group com mais de mil diretores de empresas mundiais aponta que 72% consideram a inovação uma de suas três prioridades. Mas metade deles afirma estar descontente com o retorno dos investimentos feitos nessa área. E algo ainda mais desafiador: oito em cada dez diretores dizem que sua maior dificuldade é conseguir transformar as ideias em algo concreto. Isso ocorre porque, na maior parte das vezes, o foco da inovação se restringe a um departamento específico da companhia. Poucas ainda se deram conta de que há uma relação direta entre funcionários empreendedores e inovação e não enxergam que é muito mais vantajoso espalhar o DNA criativo por todos os departamentos do que relegá-lo a um grupo específico de pessoas. Ninguém sabe quem terá a próxima ideia brilhante, por isso todos os setores devem estar envolvidos no processo. “Para se tornar inovadora, uma empresa precisa despertar atitudes empreendedoras em todos os seus funcionários”, diz Pinchot.
Nenhum comentário:
Postar um comentário